Patricia Ferraz - A música em mim

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Niterói, RJ, Brazil
Produtora Cultura e Lighting Designer. Tornou-se conhecida por assinar a curadoria, direção de produção lighting designer, agenciamento artístico em projetos, shows, programas de TV, com alto reconhecimento de público e da crítica especializada. Atua no cenário cultural desde 1994. Desde 2007 vem ministrando pelo Brasil o Curso de Produção Cultural e Workshop de Iluminação APRENDA COM QUEM FAZ , também com um retorno expressivo de público e imprensa. Nesse trilhar já formou mais de 400 alunos e continua na estrada com o curso, onde ensina de maneira prática os segredos dos bastidores em produção e na iluminação em shows. Bem vindos ao meu universo musical.

sábado, 15 de agosto de 2009

Raul Seixas por Flávio Carpes



Encerrando a série dos grandes talentos que por aqui passaram rapidamente vamos falar de Raul Seixas. Ele foi o primeiro artista do rock brasileiro a misturar sistematicamente o rock com ritmos brasileiros, principalmente o baião. Em 1963, Raul tinha um conjunto e mudou seu nome para The Panters. Desta época até 1967, o grupo tornou-se o mais bem pago da Bahia e neste período Raul largou os estudos para dedicar-se exclusivamente à música. Nesta ocasião, o cantor Jerry Adriani assistiu a um dos seus shows e o convidou com seu conjunto para o acompanharem em uma excursão pelo Norte do país.

Após a excursão, Raul foi convidado por Jerry Adriani, para ir com seu conjunto gravar um disco no Rio de Janeiro. Em 68, lançou o disco "Raulzito e os Panteras", que foi um fracasso comercial e ignorado pela crítica. Raul voltou para Salvador, enquanto Os Panteras se tornaram banda de apoio de Jerry Adriani. Em 1970, foi convidado por Evandro Ribeiro, diretor da CBS, para trabalhar na gravadora como produtor, tendo a oportunidade de trabalhar novamente com Jerry Adriani, Sérgio Sampaio, Trio Ternura, Diana, Tony e Frankie e Renato e seus Blue Caps. Em 1971, quando o presidente da gravadora viajou, produziu, gravou e lançou sem autorização o disco "Sociedade da Grã-Ordem Cavernista" com Miriam Batucada, Sérgio Sampaio, Edy Star. O disco sumiu do mercado e foi outro fracasso de vendas.

Quando o presidente da CBS voltou, demitiu-o sumariamente. Em 1972 retornou à cena artística, inscrevendo duas canções no VII Festival Internacional da Canção e ambas se classificaram para as finais. As músicas foram "Eu sou eu, Nicuri é o diabo", interpretada pelo conjunto Os Lobos, e "Let me sing, let me sing", defendida por ele mesmo, e na qual aparecia pela primeira vez a mistura entre rock e baião, que se tornou uma de suas marcas.

No mesmo ano assinou contrato com a Philips/Phonogram, pela qual lançou o compacto "Let me sing, let me sing" e "Teddy Boy, rock e brilhantina". Em 1973 lançou o LP "Krig-há, bandolo!", que foi seu primeiro sucesso comercial. Nele começava a parceria com Paulo Coelho, o mais tarde mundialmente célebre escritor e atual membro da Academia Brasileira de Letras, parceria que se encerraria em 1976. O nome do disco é uma referência às histórias em quadrinhos, pois é o grito de guerra do Tarzã, significando "Cuidado, aí vem o inimigo". Canções como "Mosca na sopa", "Metamorfose ambulante" e "Al Capone" foram bem executadas nas rádios e tiveram grande aceitação pelo público. No mesmo período voltou a produzir discos lançando "Os 24 maiores sucessos da era do rock", no qual fazia covers dos seus ídolos norte-americanos e da Jovem Guarda, com destaque para "É proibido fumar" e "Vem quente que eu estou fervendo".

Nessa época, começou a divulgar em seus shows o gibi-manifesto "A fundação de Krig-Há", no qual fazia a pregação da sociedade alternativa, e que eram recolhidos pela polícia federal. Em 1974, devido a problemas políticos, viajou para os Estados Unidos em companhia de Paulo Coelho, da mulher Edith e de Adalgisa Rios. O grupo visitou a mansão de Elvis Presley e conheceu o ex-Beatle Jonh Lennon, além de Jerry Lee Lewis. Logo a seguir lançou o LP "Gita", que, com 600 mil cópias vendidas, lhe rendeu seu primeiro disco de ouro. A grande vendagem do disco apressou seu retorno ao Brasil. Nele se destacaram as músicas "Sociedade alternativa", "Trem das sete" e "Gita", todas em parceria com Paulo Coelho. Gravou ainda o primeiro musical colorido da TV brasileira, o videoclip de "Gita". De volta ao Brasil, fez com Paulo Coelho a trilha sonora da novela "O Rebu", da Rede Globo, na qual se destacaria "Como vovó já dizia (óculos escuros)".

Em 1975 gravou o LP "Novo aeon" , que não obteve tanto sucesso quanto o disco anterior, mas no qual algumas músicas alcançaram grande relevância, como foi o caso de "Tente outra vez" e "Rock do diabo", ambas em parceria com Paulo Coelho. No mesmo ano, participou no Rio de Janeiro do festival Hollywood Rock e gravou na TV Globo o vídeoclipe "Trem das sete". Em 1976 lançou o LP "Eu nasci há dez mil anos atrás", último na Philips/Fonogram, cuja música título, parceria com Paulo Coelho, se tornou um grande sucesso. No disco destacaram-se ainda outras composições, todas em parceria com Paulo Coelho. No mesmo ano gravou na TV Globo o videoclip da música "Eu também vou reclamar". Em 1977 gravou "O dia em que a Terra parou", primeiro disco pela WEA/WarnerBros, no qual inaugurou uma nova parceria, com o velho amigo Claudio Roberto, com compôs os destaques do disco, as músicas "Maluco beleza" e "Sapato 36".

Em 1978, passou alguns meses na Bahia, recuperando-se de problemas de saúde. No mesmo ano lançou o LP "Mata virgem", pela WEAWarner Bros, contando com a participação do guitarrista Pepeu Gomes na faixa "Pagando brabo". Em 1979 lançou o LP "Por quem os sinos dobram", que contou com a participação em algumas faixas do guitarrista Sérgio Dias, ex-integrante dos Mutantes. No mesmo ano se mudou para São Paulo com a nova mulher Kika Seixas. Em 1980 assinou contrato com a CBS, e lançou o disco "Abre-te sésamo".

Voltou a ter problemas com a censura, que proibiu a música "Rock das aranhas", que só foi liberada devido à intervenção de Ricardo Cravo Albin, em histórica sessão do Conselho Superior de Censura, no Ministério da Justiça. No ano seguinte, rescindiu seu contrato pelo fato da gravadora pedir para que em seu próximo disco fizesse homenagem a Lady Diana. Em 1982 passou por dois momentos absolutamente distintos, no primeiro, apresentou-se para um público de aproximadamente 180 mil pessoas, na praia do Gonzaga, em Santos, no Festival Musical ali realizado. No outro, foi confundido com um impostor em um show na cidade de Caieiras, em SP, onde se realizava uma feira folclórica.

Chegou a ser preso e agredido. Sem gravadora e com problemas de saúde derivados do alcoolismo crônico e do uso de drogas, só veio a gravar novamente em 1983, quando foi convidado por um diretor da gravadora semi independente Estúdio Eldorado, que era seu fã. Lançou então "Raul Seixas", LP em que se destacou "Carimbador maluco", música que compôs especialmente para um programa infantil da Rede Globo. O disco contou com a participação especial da cantora Wanderleia e lhe rendeu o segundo disco de ouro. Em 1984 lançou seu segundo e último disco na Eldorado, "Raul Seixas ao vivo - único e exclusivo", gravado ao vivo em show realizado na Associação Esportiva Palmeiras e que fechou sua turnê. No mesmo ano, assinou contrato com a Som Livre e lançou um outro disco, "Metrô linha 743", no qual apenas a música título, de sua autoria se destacou.

Mas, novamente com problemas de saúde, voltou a Salvador para se recuperar. Nesse período ficou afastado dos palcos e das gravações. Em 1987, depois de três anos sem gravar lançou pela gravadora Copacabana o LP "Uah-bap-lulah-béin-bum", no qual se destacou a música "Cowboy fora da lei".

No mesmo ano, compôs com o roqueiro baiano Marcelo Nova a música "Muita estrela, pouca constelação", participando da gravação com o conjunto Camisa de Vênus.

Em 1988, lançou o LP "A pedra do gênesis", que teve boa vendagem devido ao prestígio consolidado perante a um grande público. No mesmo ano, foi convidado por Marcelo Nova, e com ele realizou uma série de cinquenta shows, em diversos locais do país. Em 1989 gravou com Marcelo Nova seu último disco, "A panela do diabo", que contém várias parcerias entre ambos, entre as quais, "Rock and roll", "Banquete de lixo", "Cãimbra no pé" e "Século XXI".

Dois dias após o lançamento do LP, foi encontrado morto na cama por sua empregada, num apartamento do centro de São Paulo. Um dos artistas mais populares do país, foi o primeiro a ter um disco produzido e distribuído por um fã-clube brasileiro, "Let me sing my rock and roll", coletânea de gravações raras, lançada em 1985. Constantemente é regravado por intérpretes de diferentes gêneros musicais, comprovando a sua importância no panorama musical brasileiro.




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