Patricia Ferraz - A música em mim

Minha foto
Niterói, RJ, Brazil
Produtora Cultura e Lighting Designer. Tornou-se conhecida por assinar a curadoria, direção de produção lighting designer, agenciamento artístico em projetos, shows, programas de TV, com alto reconhecimento de público e da crítica especializada. Atua no cenário cultural desde 1994. Desde 2007 vem ministrando pelo Brasil o Curso de Produção Cultural e Workshop de Iluminação APRENDA COM QUEM FAZ , também com um retorno expressivo de público e imprensa. Nesse trilhar já formou mais de 400 alunos e continua na estrada com o curso, onde ensina de maneira prática os segredos dos bastidores em produção e na iluminação em shows. Bem vindos ao meu universo musical.

terça-feira, 30 de junho de 2009

Vai Filhão!

Inverno solar por aqui .
Volto ao blog essa semana para falar do novo trabalho de Fábio Luna.
Cantor , compositor e instrumentista de primeira.

Conheci Fabio Luna durante a gravação o CD Lucina ' A Música em Mim' lançado pela Duncan Discos. Fabio gravou com Lucina e também assinou alguns arranjos, sua musicalidade me emociona.

Fabio Luna é carioca e aos seis anos teve suas primeiras aulas de violão, com seu irmão mais velho. Depois estudou flauta doce, transversa, bateria e percussão.

Começou a trabalhar com musica aos 18. Fez muito baile, acompanhou cantores e instrumentistas, atuou nos mais diferentes gêneros como samba, forró, rock, pop, jazz, musica erudita e contemporânea.
Quando a veia de compositor de Fábio começou a fluir o samba falou naturalmente mais alto.
" Compus 15 sambas, em fevereiro deste ano, no cavaco. Foi uma experiência muito legal, escrever música e letra, nunca havia feito isso. Fui mostrando pra uns amigos, tocando algumas no bar à noite, o povo foi gostando, até que meu amigo e produtor musical Daniel Vangarde me propôs gravarmos um cd com esse repertório.
Dany produziu o cd e convidamos meu amigo e professor de flauta Edu Neves pra fazer a direção musical e arregimentar a banda. Gravamos no inicio de abril, ao vivo, no estúdio Cia dos Técnicos, em Copacabana. Foi o bicho! Tivemos o auxílio luxuoso de Luiz Carlos T. Reis como engenheiro de som, e uma super banda com os músicos: Marcos Esguleba, Jaguara, Pretinho da Serrinha e Marcos Basílio (Percussão); Rogério Caetano (violão de 7 cordas); Paulão 7 Cordas (violão); Paulo Galeto (cavaquinho) e o próprio Edu Neves na Flauta "


O samba ' Vai Filhão ' lançado com sucesso no You Tube já virou hit e eu disponibilizo aqui para vocês.



Fabio propõe um desafio aos internautas , saiba mais no site: www.vaifilhao.com

Fabio Luna lança seu novo trabalho na Gafieira Elite dia 16 de julho somente para convidados!
Logo o show vai estar pelos palcos do Brasil e vocês poderão conferir o talento desse rapaz!

*Para saber e ouvir mais:
www.myspace.com/fabioluna

*Dica do bem: É sempre bom ouvir música boa com humor inteligente.

Aplausos para Fabio Luna!

Beijos sonoros
Patricia Ferraz

quinta-feira, 25 de junho de 2009

Dolores Duran por Flávio Carpes

Dando sequência à série de grandes talentos, que apesar de suas rápidas trajetórias deixaram-nos grandes legados, vamos lembrar hoje Adiléia Silva da Rocha nasceu no Rio de Janeiro em 07 de junho de 1930. Filha de um sargento da Marinha, começou a cantar muito cedo e conquistou o primeiro prêmio aos dez anos de idade, no programa Calouros em Desfile, de Ary Barroso, no qual passou a se apresentar com frequência, dando início à sua carreira artística. Quando Adiléia tinha 12 anos o pai faleceu e, a partir de então, teve que sustentar a família, cantando em programas de calouros e trabalhando no rádio como atriz.
A partir dos 16 anos adotou o nome artístico Dolores Duran. Autodidata, cantava em inglês, francês, italiano e espanhol, a ponto de Ella Fitzgerald lhe dizer que foi na voz dela que ouviu a melhor interpretação do clássico My Funny Valentine.
No final da década de 1940, Dolores estreou na Rádio Nacional, tendo sido contratada para se apresentar ao lado de nomes como Chico Anysio e Ângela Maria. Em 1951, teve um relacionamento amoroso com João Donato, que não durou devido à oposição da família dele, então com 17 anos, enquanto Dolores tinha 21.

A estréia de Dolores em disco foi em 1952, gravando dois sambas para o Carnaval do ano seguinte: Que bom será (Alice Chaves, Salvador Miceli e Paulo Marquez) e Já não interessa (Domício Costa e Roberto Faissal). Em 1953, gravou Outono (Billy Blanco), e Lama (Paulo Marquez e Alice Chaves). Dois anos depois, vieram as músicas Canção da volta (Antonio Maria e Ismael Neto), Bom querer bem (Fernando Lobo), Praça Mauá (Billy Blanco) e Carioca (Antonio Maria e Ismael Neto).
Em 1955, casou-se com o radioator e músico Macedo Neto. No mesmo ano, foi vítima de um infarto, tendo passado trinta dias internada em um hospital. Dolores resolveu não seguir as restrições que os médicos lhe determinaram com relação ao cigarro e à bebida, agravando os problemas cardíacos que trazia desde a infância. Com isso, a depressão passou a marcar sua vida.
Em 1956, fez sucesso com a música Filha de Chico Brito, composta por Chico Anysio. No ano seguinte, um jovem compositor apresentou a Dolores uma composição dele com letra de Vinícius de Moraes. Tratava-se de Antônio Carlos Jobim em início de carreira. Em três minutos, Dolores pegou um lápis e escreveu outra letra para a música "Por Causa de Você". Tom mostrou a letra a Vinícius, que encantado, cedeu o espaço a Dolores. Foi revelado, a partir daí, o talento de Dolores para a composição e grandes sucessos se sucederam, como Estrada do Sol, Idéias Erradas, Minha Toada e A Noite do Meu Bem, entre outros.
Dolores passou por uma gravidez tubária, interrompendo o sonho de ser mãe. Em 1958, desquitou-se de Macedo Neto e passou meses na Europa. De volta ao Brasil adotou uma menina órfã, Maria Fernanda Virgínia da Rocha Macedo, que foi registrada por Macedo Neto, mesmo estando ele separado de Dolores e não tendo a menina qualquer parentesco com ele.
A partir daí, durante os dois últimos anos de vida, compôs algumas das mais marcantes músicas da MPB, como Castigo, A Noite do Meu Bem, Olha o Tempo Passando e Estrada do Sol, entre tantas outras.
Em 23 de outubro de 1959, aos 29 anos, sofreu outro infarto, desta vez fulminante, e deixou seu nome escrito na história da música brasileira. Mais um grande talento que se foi e que tem-se a impressão, pela intensidade com que viveu e produziu, que sabia que sua passagem por aqui seria rápida, mas marcante.

sábado, 13 de junho de 2009

Feriadão

Estradas para andar... Mochila de sonhos .

Chuva boa para lavar por dentro.
Dica do bem:

Beijos sonoros

Patricia Ferraz

sexta-feira, 5 de junho de 2009

Sidney Miller por Flávio Carpes

Olá. Dando prosseguimento à série onde falo de artistas que se foram cedo e pouco tempo tiveram para mostrar seus grandes talentos, presto hoje minha homenagem a Sidney Miller, carioca de Santa Tereza que despontou como compositor no cenário musical brasileiro durante a década de 1960, e assim como outros artistas que também estavam começando, participou com algum destaque de diversos festivais de música, bastante populares nesse período. Cursou Sociologia e Economia, porém sem concluir nenhum dos cursos. No início da carreira chegou a ser comparado com o também estreante Chico Buarque, uma vez que tinham em comum, além da timidez, a temática urbana e um especial cuidado na construção das letras. Além disso, a cantora Nara Leão, famosa por revelar novos compositores, teve grande importância na estréia dos dois - inclusive gravando, em 1967, o disco Vento de Maio, no qual dividiam quase todo o repertório: Chico Buarque assinou quatro canções, enquanto Sidney Miller era o autor de outras cinco. O primeiro registro importante como compositor foi em 1965 no I Festival de Música Popular Brasileira da TV Excelsior de São Paulo, obtendo o 4º lugar com a música Queixa, composta em parceria com Paulo Thiago e Zé Keti, interpretada por Cyro Monteiro. Em 1967, pelo famoso selo Elenco de Aloísio de Oliveira, lançou o primeiro disco, no qual se destaca por retrabalhar temas populares e cantigas de roda como O Circo, Passa Passa Gavião, Marré-de-Cy e Menina da Agulha. Sidney Miller compôs juntamente com Théo de Barros, Caetano Veloso e Gilberto Gil a trilha sonora para a peça “Arena conta Tiradentes”, dos dramaturgos Augusto Boal e Gianfrancesco Guarnieri. Nesse mesmo ano, ao lado de Nara Leão interpretou a música A Estrada e o Violeiro no III Festival de Música Popular Brasileira da TV Record de São Paulo, conquistando o prêmio de melhor letra. Em 1968, também pelo selo Elenco lançou o Lp “Brasil, do Guarani ao Guaraná”, que contou com as participações especiais de diversos artistas como Paulinho da Viola, Gal Costa, Nara Leão, MPB-4, Gracinha Leporace e Jards Macalé.
O maior destaque do disco ficou por conta toada “Pois é, Pra Quê”, gravada mais tarde pelo MPB-4. A partir de então Sidney Miller intensificou a carreira na área de produção. Juntamente com Paulo Afonso Grisolli organizou no Teatro Casa Grande do Rio de Janeiro o espetáculo “Yes, Nós Temos Braguinha”, com o compositor João de Barro. Também com Grisolli, relançou a cantora Marlene, no show Carnavália, que fez bastante sucesso. Em 1969 produziu e criou os arranjos do Lp de Nara Leão, “Coisas do Mundo”.
Ainda em 69, ao lado de Paulo Afonso Grisolli, Tite de Lemos, Luís Carlos Maciel, Sueli Costa, Marcos Flaksmann e Marlene organizou o espetáculo “Alice no País do Divino Maravilhoso”, além de compor a trilha sonora do filme “Os Senhores da Terra”, do cineasta Paulo Thiago. Também para cinema, Sidney Miller foi o autor da trilha dos filmes Vida de Artista (1971) e Ovelha Negra (1974), ambos dirigidos por Haroldo Marinho Barbosa. Sidney Miller foi autor da trilha sonora das peças “Por mares nunca dantes navegados” (1972), de Orlando Miranda, na qual musicou alguns sonetos de Camões, e do espetáculo A torre em concurso (1974), de Joaquim Manuel de Macedo. Em 1974 lançou pela Som Livre o último disco de carreira o Lp Línguas de Fogo.
Nos últimos anos de vida, Sidney Miller estava afastado do circuito comercial.

Tinha planos de voltar a gravar, agora de forma independente, um LP que se chamaria Longo Circuito. Trabalhava na Funarte, quando faleceu após uma súbita parada cardíaca. A sala em que trabalhava passou a se chamar Sala Funarte Sidney Miller e foi transformada numa sala de espetáculos.

Queria finalizar esta homenagem, deixando aqui a letra de A Estrada e o Violeiro, que ele cantou em dueto com Nara Leão, onde ela era a estrada e ele o violeiro. Vejam que primor de poesia.

Sou violeiro caminhando só, por uma estrada caminhando só
Sou uma estrada procurando só levar o povo pra cidade só
Parece um cordão sem ponta, pelo chão desenrolado
Rasgando tudo que encontra, a terra de lado a lado
Estrada de Sul a Norte, eu que passo, penso e peço
Notícias de toda sorte, de dias que eu não alcanço
De noites que eu desconheço, de amor, de vida e de morte
Eu que já corri o mundo cavalgando a terra nua
Tenho o peito mais profundo e a visão maior que a sua
Muita coisa tenho visto nos lugares onde eu passo
Mas cantando agora insisto neste aviso que ora faço
Não existe um só compasso pra contar o que eu assisto
Trago comigo uma viola só, para dizer uma palavra só
Para cantar o meu caminho só, porque sozinho vou à pé e pó
Guarde sempre na lembrança que esta estrada não é sua
Sua vista pouco alcança, mas a terra continua
Segue em frente, violeiro, que eu lhe dou a garantia
De que alguém passou primeiro na procura da alegria
Pois quem anda noite e dia sempre encontra um companheiro
Minha estrada, meu caminho, me responda de repente
Se eu aqui não vou sozinho, quem vai lá na minha frente?
Tanta gente, tão ligeira, que eu até perdi a conta
Mas lhe afirmo, violeiro, fora a dor que a dor não conta
Fora a morte quando encontra, vai na frente um povo inteiro
Sou uma estrada procurando só levar o povo pra cidade só
Se meu destino é ter um rumo só, choro em meu pranto é pau, é pedra, é pó
Se esse rumo assim foi feito, sem aprumo e sem destino
Saio fora desse leito, desafio e desafino
Mudo a sorte do meu canto, mudo o Norte dessa estrada
Em meu povo não há santo, não há força, não há forte
Não há morte, não há nada que me faça sofrer tanto
Vai, violeiro, me leva pra outro lugar
Eu também quero um dia poder levar
Toda gente que virá Caminhando, procurando
Na certeza de encontrar.

*Ouça no You tube : Sidney Miller e Nara Leão
http://www.youtube.com/watch?v=MsY0QsgTQyQ